26 de mar. de 2010

Pro meu amigo Pedrão

Não fique triste Pedro querido,
Eu até gosto bastante de futebol. Se você assistir uma partida comigo ao lado, pode ter certeza que vou identificar quando for penalti ou se estiver impedido. Não vou perguntar se aquele lá de preto está perdido no campo, ou se o time não tinha uniformes suficientes prá ele usar naquele dia...
Se eu fizesse isso perto dos homens da minha família, bom, meu avô foi juiz de futebol... era capaz de eu ganhar cartão vermelho e uns croques na cabeça!
Até quase fui ver, uma vez, a seleção jogar com o Pelé e tudo, com você e o Zé no Pacaembú, lembra? E acabei não indo por causa de uma crise de cistite, e por isso me salvei de um baita temporal... 
Já vi radinhos voarem, junto com sapatos e várias coisas não identificadas, aprendi vários predicados ao juiz, tudo isso no campo com meu pai e avô. Ele não gostava de me levar, as coisas já não estavam tão "família" na época. E pioraram muito. Além do mais eu cismei de virar palmeirense (por causa de uns e outros jogadores bonitinhos e influência da famíla materna) e ele é corinthiano histórico... Pacífico, mas convicto.
De  verdade, acho que o esporte bretão é bem legal, se for jogado sem compromisso com cartolas e patrocinadores, sem preocupação com o que dizer depois, na coletiva de imprensa... Assim, enfim, o que me resta são só as peladas no Estrela do Pari ou no Vigor, vistas por cima, ali da ponte da Vila, que você conhece, tenho certeza. Talvez seja o que existe de mais autêntico. Mesmo assim, não me iludo...
Há muito dinheiro, muitos interesses e egos em jogo, a busca de fama, a ambição de todos os que estão envolvidos com a máquina do espetáculo, lavagem de dinheiro, corrupção, e isso emperra qualquer resultado legítimo.
É muita energia da massa cantando e torcendo, emociona sim.
Mas eu queria, mesmo sabendo meu desejo ingênuo, que essa mobilização acontecesse toda vez que o país precisa, por causas realmente importantes, políticas, humanitárias, ecológicas, educativas, fossem quais fossem. E no entanto, o povão gasta muito dinheiro, tempo e saliva, prá alguns muito poucos minutos de ilusão. 
E em tempo: Eu acredito em milagres... quem sabe um dia o Palmeiras resolve acordar... Enquanto isso, viva a Lusa!

Um comentário:

pedro geraldo disse...

Tãnia

dois sentimentos em relação ao futebol me dominam atualmente. Um de ódio mesmo. Detesto as discussões insensatas, sobre títulos, estádios, quem fez isso, aquilo, uma discussão sem fim e lógica, muitas vezes. Isto sem falar daquelas insinuações pelo sujeito torcer para esse ou aquele time.Detesto as humilhações.
Ao mesmo tempo, gosto do em torno do jogo.Reunião de amigos, canticos inventivos, eles existem, bons jogadores, sem firulas e que conhecem seu dom e passam isso para quem gosta de futebol.E um jogo de futebol descompromissado com grana, título...
Mas isso está morrendo, virando mais business, e há uma loucura insana de muitos torcedores, o que sinto, ser reflexo do que se vive, fora do futebol.
Sei que você seria uma boa companhia, durante uma partida de futebol, não tenho dúvidas disso, vou até reservar um lugar nas arquibancadas do Pacaembu, em algum dos próximos jogos do Todo poderoso, rs.

E adorei o texto.

Beijos