Foi o primeiro dia aberto ao público e nós 4, amantes de literatura e livros, como sempre, à busca de coisas interessantes. Encontramos várias, inclusive fantasiadas de personagens de mangás... tinha até um pintinho amarelo imenso e incômodo, que não sei até agora como conseguiu ver algum livro...
Por ser sexta 13, as programações tiveram várias menções ao terror na literatura. De novo vampiros, lobisomens e seus pares pairavam por ali, apesar de estarem um pouco mais fracos que anos anteriores. Terror mesmo foi a vida real. A cada dois estandes você leva um susto com aqueles insistentes vendedores de assinaturas "vocêjáganhouseubrindehoje???"... Sei que apenas estão fazendo seu trabalho, mas são em muita quantidade e seu treinamento é para terem uma abordagem insistente e agressiva. Um terror mesmo...
Os preços também estavam assustadores, apesar de ser tradição da bienal oferecer descontos e promoções. Apesar dessa prática, livro no Brasil ainda é um ítem caro e por mais que sejam feitas campanhas para a popularização da leitura, ainda não é fácil manter a população de baixa renda lendo a quantidade de livros/ano que deveria.
Segundo a fundação pró-livro, em pesquisa feita em 2007,
é considerado leitor quem declarou ter lido pelo menos 1 livro nos últimos 3 meses, sem considerar a qualidade da leitura ou o grau de compreensão desse leitor.
Isso corresponde a 95,6 milhões de brasileiros, ou (55% da população estudada).
Entre as respostas, a leitura representa aumento de conhecimento para a grande maioria dos entrevistados, e entre os mais velhos esse valor aparece com mais frequencia. Entre as crianças o valor maior é o prazer ao ler. Dado interessante é o de que 60% das pessoas entrevistadas não conhece ninguém que venceu na vida graças à leitura... Ler está em 5º lugar entre as opções de lazer, perde para a televisão, ouvir música, rádio e descansar. Um terço dos leitores afirma ler frequentemente, e desses, 55% são mulheres.
Em relação à qualidade do que lêem, a bíblia está em primeiro lugar. Talvez isso explique a quantidade de editoras focadas em temas religiosos que presenciei ali. Uma verdadeira batalha por doutrinação e captação de leitores, não apenas de uma religião ou corrente. No mesmo corredor, encontramos espíritas, muculmanos, protestantes, evangélicos e católicos, concorrendo a atenção de leitores com a mesma intensidade.
Mas na pesquisa da fundação, ainda chama a atenção o fato da concentração de leitores mais ativos estarem nas regiões sul e sudeste, e o relato de que 19% dos livros estão nas mãos de 1% da população, 49% dos livros estão nas mãos de 10% da população e ainda, 66% dos livros estão nas mãos de 20% da população.
E ainda sexta feira 13, 8% da população não tem nenhum livro em casa.
Apesar de todas as campanhas de popularização e incentivo a leitura, que diga-se tem dado resultado em comparação a anos anteriores, sabe-se através dessa pesquisa, que os brasileiros sabem da existência de bibliotecas, mas, não as frequentam, compram livros pelo preço, lêem mais revistas que literatura, lêem devagar, tem pouco tempo para se dedicar a essa atividade, muito do que lêem é dentro do ambiente escolar, e isso resulta, no Brasil, em uma média de 3,7 livros/ano contando que entre esses estão os livros de leitura obrigatória pelas escolas e os livros didáticos. Se tirarmos os livros de escola, teremos 1,8 livros/ano/brasileiro.
Assustador.
Noites do Terror... E o pior é que não se resumem às sextas-feiras...