Em artigo publicado pelo jornal The Guardian(27/04/2009), Mike Davis, especialista em relações entre urbanismo e meio ambiente discutiu de forma interessante as causas da tal gripe que anda nos assustando. Mike nos alerta sobre a fé, agora abalada, na condição da O.M.S. em conter essa epidemia misteriosa. Talvez as fronteiras fiscalizadas não sejam suficientes para que a epidemia se alastre.
Gripe misteriosa, mas nem tanto. Ele cita as condições dos abates em relação às condições de saúde e higiene, a superpopulação dos criadouros, e o uso sem critérios de medicamentos para frear as bactérias, vírus, e todas as doenças que são geradas por esse verdadeiro caldeirão da bruxa. Ingredientes como esterco, calor, muitos animais concentrados por metro quadrado, são uma maravilha para a cultura patógenos em constante mutação.
Vírus não são contidos com antibióticos. Laboratórios têm de pesquisar dias, às vezes semanas para identificar seus genomas , detalhe nem sempre disponível para todos os países, perdendo-se muito tempo com o transporte, a espera de resultados para tomada de decisões.
Enquanto isso, esses vírus cumprem seus ciclos e sofrem mutações, a natureza portanto, andando passos sempre a frente das ações do "ser humano" complicado que somos.
Aliás, prá quem não sabe, é bom lembrar que entre criações também é comum a proliferação de verminoses, transmitidas entre os porcos através de fezes, que ao serem limpas sem cuidado vão contaminar os mananciais de água que por sua vez, contaminam os peixes consumidos por humanos.
O autor cita o caso do contágio de dezenas de pescadores por um desses protozoários na região dos estuários da Carolina do Norte, que também matou um bilhão de peixes. E diz:
"Qualquer melhora ma ecologia deste novo agente patógeno teria que enfrentar-se com o monstruoso poder dos conglomerados empresariais agrícolas e pecuários[...]. A comissão falou de uma obstrução sistemática de suas investigações por parte das grandes empresas, incluídas algumas nada recatadas ameaças de suprimir o financiamento de pesquisadores que cooperaram com a investigação".
O mundo já está aquecendo mesmo, ótimo para o ferver de caldeirões...
Nós, talvez, acabemos fervendo junto.
E pode crer, não vai dar feijoada.